14 de fev. de 2011

OUTROS COMBATES VIRÃO

Na noite eleitoral Cavaco Silva congratulou-se com o facto de não ter usado cartazes na sua campanha, na realidade ele foi o candidato mudo, sem cartazes e sem respostas ás perguntas, uma das consequências desta estratégia do silencio foi afastar os eleitores da politica, procurando passar a ideia de que não era politico, e assim esconder as suas responsabilidades pelo estado a que o pais chegou.

Mas nós não nos esquecemos nem temos a memória curta sabemos bem de que ele é responsável pela actual crise, desde os tempos de ministro das finanças, até aos de 10 anos como 1º ministro, com o desmantelamento de mais de 800 kms de linha férrea e das cargas policiais ainda na memória de muitos como foi na ponte 25 de Abril.

No dia 23 de Janeiro a esquerda perdeu e deve não só reconhecer que perdeu como encontrar o caminho para recuperar a capacidade de iniciativa do movimento popular.

A eleição á primeira volta do mais importante líder da direita Portuguesa nos últimos 25 anos, representa uma derrota para as esquerdas sociais e politicas, este resultado favorece as pressões para medidas complementares de austeridade que aplicam as orientações clássicas do FMI e antecipam a sua tutela.

Não foi por acaso que logo na noite das eleições o governo veio oferecer-se para colaborar com o sr. Presidente e como prova da sua boa vontade reuniu-se com o patronato, para este poder despedir os trabalhadores, reduzindo o valor das indemnizações a que os trabalhadores tem direito, por sua vez o Presidente reeleito não perdeu tempo e logo convocou os principais banqueiros os verdadeiros responsáveis pela crise para lhes agradecer o apoio e ver novas medidas para agravar ainda mais a crise.

Devemos analisar os resultados de Cavaco Silva pois nem tudo lhe correu bem apesar de ter ganho não devemos esquecer que perdeu meio milhão de votos e obteve o menor numero de votos comparado com todas as reeleições.

É verdade que Manuel Alegre sofreu uma derrota clara, reduzindo a sua votação com menos 300 mil votos não conseguindo impor uma segunda volta como era seu objectivo, apesar de ter sido o candidato da oposição mais votado.

Manuel Alegre não perdeu por o seu discurso se situar á esquerda, nem por ter tido o apoio do BE ou de independentes de esquerda ou mesmo do MRPP. Manuel Alegre perdeu porque uma parte do PS decidiu favorecer directamente a eleição de Cavaco Silva, e porque a situação social criada pela acção do governo inibiu o voto de muitos outros desgastados e desiludidos com as suas politicas.

Como os resultados demonstraram, só Manuel Alegre estava em condições de disputar uma segunda volta contra o candidato da direita, e não se venha dizer como alguns o tem dito que Manuel Alegre era um candidato comprometido com as politicas do governo, quem não se lembra em eleições anteriores do apoio a Salgado Zenha, e a Jorge Sampaio. Julgo não haver nenhuma duvida de que Manuel Alegre está muito mais á esquerda do que qualquer um dos nomes anteriores.

Este é o Momento das Esquerdas Encontrar Caminhos que nos Levem a Juntar Forças e não a Desperdiçá-las.


Rui Nóvoa, artigo de opinião para o jornal Vivacidade de Rio Tinto, Gondomar, 3/02/2011

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