26 de out. de 2011

“Há uma agenda oculta do governo”

Na conclusão da interpelação do Bloco de Esquerda ao governo sobre desemprego, precariedade e alterações das leis de trabalho, o deputado Luis Fazenda, respondendo à acusação do ministro da Economia de que “querem deitar dinheiro para cima dos problemas” recordou que “este governo aumentou extraordinariamente, em relação ao seu antecessor, as garantias, os compromissos do Estado em relação ao buraco sem fundo que é o BPN. É este governo que deita dinheiro para o buraco da Madeira, não foi o Bloco de Esquerda.” O líder parlamentar do Bloco recordou que foi o seu partido que defendeu a renegociação de todas as parcerias público-privadas e o Orçamento de base zero para combater o desperdício e o endividamento excessivo do Estado. “Porque nós queremos privilegiar o investimento público, não a promiscuidade e a traficância dos dinheiros públicos com os interesses privados”, afirmou.

Luis Fazenda negou também que a responsabilidade do endividamento seja toda do governo anterior. “É uma responsabilidade partilhada, de bloco central”, afirmou, recordando que o caminho do endividamento, das parcerias público-privadas, foi partilhado pelo PSD e pelo PS. “O PSD esteve no governo e prosseguiu a mesma política. Esteve fora do governo e viabilizou orçamentos de Estado atrás de orçamentos de Estado.”

Luís Fazenda disse que há uma agenda oculta do governo – um “ajuste de contas com o factor trabalho”, acusando o governo de revanchismo social, de querer alterar drasticamente as relações de trabalho a favor do patronato, a favor do capital. Mais do que isso, Luís Fazenda acusou o governo de ter a ilusão de que pelo choque salarial, pela política de “empobrecer para melhorar” se vai atrair o capital estrangeiro. “Tenho uma má notícia para o governo: os senhores não têm nada no horizonte dos próximos dois ou três anos em termos de crescimento económico.”

O Bloco, em contrapartida, defende a reestruturação da dívida externa e interna, disse Fazenda, “um conjunto de medidas que nos possa levar em tempo útil a promover alguma cota de investimento público reprodutivo.” E concluiu dizendo que a esquerda tem alternativas, “os senhores é que estão comprometidos com este plano de ruína a que trouxeram o país.”

Protecção do trabalhador não é a protecção do seu posto de trabalho”

Durante o debate, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, afirmou que “a protecção do trabalhador não é a protecção do seu posto de trabalho”, disse que a meia hora adicional no horário de trabalho vai vigorar durante todo o programa de assistência financeira a Portugal, e que o salário mínimo só aumentará quando houver "aumento da produtividade".

in: esquerda.net, por Luís Fazenda

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