Dizem-nos que vivemos ‘acima das nossas possibilidades’. Os trabalhadores e reformados é que não vivem acima das suas possibilidades. Mas sabemos bem quem tem vivido acima, muito acima, das suas possibilidades. Sabemos dos empresários que se aproveitaram dos fundos comunitários destinados à formação profissional para gastarem em Ferraris, ou vivendas com brutas piscinas. Conhecemos os gestores que recebem mais, muito mais que os congéneres europeus. Sabemos dos grupos económicos que se tornaram senhores das autoestradas e dos hospitais e garantiram rendas certas para os próximos 30 anos. Conhecemos os donos dos bancos que usaram o dinheiro (que não era seu mas dos depositantes) para ‘investirem’ em produtos financeiros que não valiam nada, levando o Estado a entrar com milhões e milhões de euros para tapar os colossais prejuízos.
Depois, sabemos o que aconteceu. Disseram que não havia dinheiro para salários da função pública nem para as pensões dos reformados. Colossal embuste.
Depois, PS, PSD, CDS/PP, e também Cavaco Silva, chamaram a sua querida troika. Para socorrer o sistema financeiro, um dos principais responsáveis pela situação em que o pais se encontra, e pondo os trabalhadores a pagar o “empréstimo” de 78 mil milhões de euros + 34 mil milhões de euros de juros…
O Bloco de Esquerda, desde a primeira hora, esteve contra a presença destes ‘cobradores de fraque’ no nosso país. Alguns criticaram o Bloco de Esquerda, mas tínhamos razão: a vinda da troika apenas traria mais miséria.
A receita da troika é mais desemprego, mais precariedade. E menos salário, menos apoio para os desempregados, menos serviço nacional de saúde. Aumentos brutais na eletricidade e nos transportes, fim dos passes sociais para os reformados e jovens. Sem esquecer uma onda de privatizações como nunca se viu, ficando claro que Portugal se encontra a saque dos grandes grupos económicos, sempre com o argumento da austeridade. Mas a austeridade não é para resolver a crise financeira. O défice e a dívida são apenas o pretexto para desmantelar a contratação coletiva e a proteção social.
Por onde anda o CDS? Dizia ser o partido do contribuinte, desapareceu e passou a ser o ‘cobrador de fraque’, um dos partidos do confisco. E o PSD que enchia a boca a falar das PME? Hoje está transformado no coveiro das pequenas e médias empresas.
PSD e CDS/PP, sem vergonha, vai dai e sempre com o argumento da austeridade baixam o valor da TSU para os grandes patrões e aumentam-na 7% (para 18%) para os trabalhadores: Isto é um roubo, um abuso em cima de quem já pouco ou nada tem. Não podemos ficar calados, é tempo de juntar forças e dizer-lhes: Basta desta política e deste governo da troika. A luta do dia 15 de setembro vai ajudar a derrotar esta política e este governo.
Rui Nóvoa
BE
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